Poemas - Tagore
- Naiara Paula
- 23 de mar. de 2017
- 1 min de leitura

Embora a noite aproxime-se a passos lentos e já tenha avisado que os cantos devem cessar; embora os teus companheiros tenham ido descansar e tu estejas exaustos; embora o medo alimente-se de trevas e a face do céu esteja coberta de um véu; sim, pássaro, ouve-me, não fecha tuas asas.
Não é o ruído da folhagem na floresta, é mar que vem ondulando como serpente negra; não é a dança do jasmineiro florido, é espuma do mar.
Ah, onde está a praia verde ao sol, onde o teu ninho?
Pássaro, meu pássaro, ouve-me: não fecha tuas asas.
A noite sozinha está deitada ao longo do teu caminho; a aurora adormece por trás das colinas sombreadas.
As estrelas suspendem a respiração, contando as horas; a lua frágil está flutuando na noite profunda.
Não sentes medo, nem alimentas esperança. Não há palavras, nem gritos para ti, nem lar, nem leito para descanso.
Tens só as duas asas e o céu sem caminhos. Pássaro, meu pássaro, ouve-me: não feche as tuas asas.
_____________
Tagore, 67. Obras Selecionadas. Edição: Livros do Mundo Inteiro; tradução Raul Xavier.
Obra de Capa: A Grande Onda, de katsushika hokusai
コメント